segunda-feira, dezembro 31, 2007

Adeus 2007! Um ano que deixará saudades.

Após uma real possibilidade de compra de meu próprio apê e aprovação para o mestrado em Linguística na faculdade que eu queria, e de quebra com ótima classificação, a cereja que faltava para decorar o bolo: um convite para passar o Reveillon numa ilha de frente para Copacabana com vista para Ipanema e Niterói!

Enquanto quase 2 milhões de pessoas se engalfinham em Copa disputando centímetros de areia, eu e os recém conquistados amigos passaremos a noite aqui, assistindo a tudo de camarote.

Escrevo daqui, de onde despedir-me-ei do ano de 2007 que me trouxe ótimas notícias e promissores projetos para 2008! Feliz 2008 para todos nós!

quarta-feira, novembro 14, 2007

IslamaBand

Depois da Disco Umbanda, das bandas Gospel, das Carismáticas e do Matisyahu , vem aí o que há de mais moderno no efervescente segmento musical-religioso: a IslamaBand!

Conforme noticiou O Globo hoje, o grupo islâmico radical Hamas montou uma banda, oficialmente chamada de “Protetores da terra natal”, que será usada como estratégia para divulgação da ideologia do grupo, de reafirmação dos valores islâmicos e da Jihad. A princípio, a banda, que ainda é underground, não quer saber de tietagem - nada de meninos rebolativos atiçando a libido feminina enquanto fingem que cantam. Mas assim que a IslamaBand começar a se tornar pop, lotar estádios e tal, uma questão me intriga: a trabalheira que as autoridades terão para garantir o mínimo de segurança nos shows. Como os "Protetores da terra natal" conseguirão reunir num mesmo espaço seus futuros fãs alucinados e potencialmente explosivos sem que todos, em êxtase, resolvam detonar seu arsenal-particular-amarrado-na-cintura para ir imediatamente ao paraíso desfrutar das 72 virgens que lhes cabem?

Bem, eu particularmente acho que em vez de reuni-los num único show, a banda usará estratégias de marketing viral aliadas às mensagens subliminares, distribuindo suas músicas na rede para serem tocadas nos inúmeros ipods e celulares mundo afora, transformando, assim, todos os fãs em potenciais exterminadores de infiéis. E aposto que os hits de maior sucesso da banda seriam algo equivalente, em árabe, a: “O papa não é pop, ele é infiel!”, “Alá é o senhor!”, “Alá salve Ahmadinejad!”, “Oh happy day, all Christians have blown up away!”.

Assim sendo, fiquemos de olho nas próximas notícias sobre explosões misteriosas de celulares por aí. Vai que já é a banda conquistando adeptos?!

terça-feira, setembro 11, 2007

Problemas no VOIP causa ataque a trem de ministros

“Diretor da Core: Ataque a trem com ministros foi obra de traficantes desavisados”

Após essa declaração infeliz do Diretor da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) só podemos concluir que o VOIP, setor de Vazamento Oficial de Informações Policiais, não tem mais a mesma eficiência de outrora. Após o belíssimo trabalho de repasse de informações privilegiadas aos traficantes da Rocinha, que acabou por frustrar a megaoperação realizada em início de agosto pelas Polícias Federal e Civil, temos agora essa triste notícia de que nem mais na organização do crime organizado podemos confiar!!

Como é que alguém da polícia pode ter esquecido de dizer aos traficas lá do Jacarezinho que aquele trem, que não era bala, iria apenas fazer um passeio com as “otoridades”? E que aquele contingente enorme de “poliças” por metro quadrado nada teria a ver com repressão às atividades ilícitas da comunidade, era só escolta protocolar? Já não se fazem mais policiais corruptos nem sistemas VOIP como antigamente...

Se havia algo nesse país onde sobrava eficiência era na corrupção policial. Era um sistema praticamente infalível, um escapadela de informação aqui, uma propina ali e todos cumpriam devidamente seu (des)serviço. E agora? Como faremos se, de repente, os traficantes deixarem de receber informações de tal relevância? Será isso o efeito “tropa de elite”, aquele dos policiais incorruptíveis? Teremos nós, a partir de agora, uma entediante sociedade onde policiais não compactuarão com o crime organizado? A ver.

Se considerarmos a afirmação do comandante geral da Polícia Militar, Cel Ubiratan Ângelo, bem, acho que já já retomaremos o “status quo”: "PM só foi informada sobre viagem de trem de autoridades na última hora"
. Segundo reportagem do “O Dia”, se a polícia tivesse sido avisada com antecedência sobre o embarque de ministros em trem, medidas preliminares teriam sido tomadas e o ataque não teria ocorrido.

Pronto, está explicado. Não foi ineficiência do VOIP. Foi, sim, um problema de mal uso de tecnologia aliado à nossa tão ordinária burocracia. Se o comunicado tivesse sido passado por torpedo ou mesmo pelo bom e velho telefonema, e não pela tal da internet, a informação teria chegado ao local certo com a antecedência necessária para seu vazamento e, assim, os ministros poderiam ter passeado à vontade.

segunda-feira, agosto 27, 2007

Tragicomédia da vida primata

“Numa terra estranha e primitiva, onde os humanos migalham por sua subsistência, fêmeas e crianças humanas são humilhadas e escorraçadas de suas plantações por primatas tiranos, que formam milícias e ameaçam o poder local. Sem concordar com a opressão imposta à raça humana, Paul Muite, deputado local, recorre ao Parlamento para conter as ofensivas das milícias em formação e defender seu povo que está sendo aterrorizado, nos últimos meses, por macacos delinqüentes, obscenos e assassinos potenciais. No entanto, seu alerta não é ouvido, suas queixas não são atendidas e a comunidade poderá sofrer com uma iminente guerra entre humanos e primatas, caso nenhuma atitude seja tomada. Será a humanidade subjugada por esses primatas vis e aterrorizantes? Haverá algum humano capaz de deter a fúria primata e restabelecer a paz entre símios e humanos?”


Na sua opinião, o que será o texto acima?

a) uma nova revista em quadrinhos
b) a sinopse de “Planeta dos Macacos II”
c) um anime-japonês-trash, cujo enredo é livremente inspirado em Marte Ataca! e Planeta dos Macacos
d) notícia tragicômica veiculada por agência internacional de notícias
e) um novo best-seller intitulado "Os macacos de Cabul"

Pois é... Pense um pouco.

Ninguém se surpreenderia se eu dissesse que a resposta correta é a “d”, né? A vida decidiu imitar a arte. E só. Não, não estou mentindo. Vejam aqui.

Depois de ler essa notícia surreal, fiquei cá matutando com meus botões:

Será que os macacos-vervet do Quênia formarão algum movimento social organizado para reivindicar seus direitos a terra? Algo assim como o MST (Macacos Sem Terra)? Ai ai...antevejo o movimento primata sendo coordenado pelo chimpanzé José-Rainha e pelo gorila José Pedro Stédile, que continuarão as invasões de sítios, plantações até chegarem ao Parlamento queniano quebrando tudo ou exigindo suborno sob a forma de dúzias e dúzias de bananas. Ou preferirão eles organizar-se bélica e politicamente em um partido chamado Bananas (de dinamite, claro)?

Quais seriam as celebridades representativas dos símios emergentes e insurgentes? O Gorilaz, pelo nome e atitude, ou o Michael Jackson, pela semelhança física?

Será que a ONU reconhecerá os direitos das minorias símias e criará termos politicamente corretos para que a humanidade se refira a eles, como cidadãos quenianos símio-descendentes, relegando as palavras “macacos”, “macaquices” e afins à categoria de impronunciáveis xingamentos?

Perguntas, perguntas, apenas perguntas.
Acompanhemos, pois, o desenrolar desse caso-verdade com ares de filme B para ver que fim terá essa estória, mas ao que tudo indica, considerando a história da humanidade e suas recorrentes ações diante de ameaças potenciais, por menores que sejam, veremos já já um “macaquicídio” generalizado no Quênia.

sexta-feira, agosto 10, 2007

O último curta em Paris

But I’m not a sad person. On the contrary.
I’m a happy person.
I have many friends and two wonderful dogs.
Sometimes I think that it would be nice to have someone, with whom to share this life.
For example, as I was looking down on Paris from a top a skyscraper, I wanted to say to someone: “It’s beautiful, isn’t it?”
But there isn’t anyone.
I thought about my ex-boyfriend, Dave, and whether he’d like this trip.
But I felt a little stupid, because it had been 11 years since we last talked.
He’s now married and has three children.

Paris, Je T'aime - 14th arrondissement
Alexander Payne


Autobiografia Fabítica. Se eu não tivesse ouvido isso no cinema ontem, juro que tentaria reivindicar a autoria destas exatas palavras. Já devo tê-las dito em alguma circunstanciazinha qualquer dessa vida. Aliás, este foi um dos curtas de “Paris, je t’aime” que mais mexeu comigo e trouxe à tona o enorme receio que tenho de me tornar uma viajante solitária ou uma excêntrica qualquer nesse mundo...

Para quem ainda não viu, aqui vai uma amostra:

sexta-feira, julho 20, 2007

"Amigo é coisa pra se guardar... (e não pra com ele aprontar)"*

Como dizia o antigo quadro da Rádio Relógio, você sabia que o Dia do Amigo é uma invenção dos hermanos argentinos? Tu tu tu tu (tentativa frustrada de onomatopéia, tá?). Pois é... a informação-inútil-do-dia está registrada na Wikipedia (em espanhol mesmo porque é absolutamente compreensível).

O que eu já recebi hoje de e-mailzinho ou scrap no Orkut de pseudo-amigos foi o suficiente para me deixar com ainda mais implicância com os argentinos.

Eles poderiam ter inventado o Dia do Animal-fofinho-ameaçado-de-extinção-na-Patagônia, o Dia do Amante de Panelaço ou o Dia da Solidariedade à Seleção Argentina de Futebol (data móvel, instituída, obviamente, um dia depois de cada final de Copa América, Copa das Confederações, etc), mas não! Resolveram criar o dia para que todos aqueles cidadãos e cidadãs de bem mundo afora encham a caixa postal e a paciência de outros tantos com mensagens bonitinhas, coloridas e cheias de fru-frus, geralmente sob a forma de um arquivo ppt/pps maldito! Se eles fossem, ao menos, meus coleguinhas, eu juro que até abriria os ppts... Só não garantiria responder.

Aos meus amigos de verdade, aqueles a quem vejo ao vivo, a cores e se mexendo, fica a mensagem: ligo ou escrevo qualquer dia desses pra marcar um bate-papo num barzinho, uma ida ao cinema, um passeio na praia ou qualquer coisa que costumemos fazer de vez em quando, mas hoje não. Me recuso a fazer parte dessa superficialidade toda.
* Título de uma história em quadrinhos da Turma da Mônica ( http://www.monica.com.br/comics/amigo/welcome.htm).

Última moda




Ainda em ritmo de PAN (que, felizmente, não se tornou pandemônio)... eu já encomendei meu modelito e você?
Logo logo ali na Uruguaiana vão estar vendendo "3 por 10 real".




terça-feira, junho 26, 2007

Pan-fobia

17/05/2007 - 10h22
Trânsito durante o Pan-2007 já preocupa especialistas
SÉRGIO RANGELda Folha de S.Paulo, no Rio
Tráfego saturado, longos engarrafamentos. Esta é a avaliação dos principais engenheiros de transporte da cidade sobre o trânsito no Rio no Pan.




22/06/2007 - 13h57
Não use carro, recomenda plano de transportes do Pan
Do G1, no Rio, com informações da TV Globo
Prefeitura do Rio divulga o plano de transportes para os Jogos. Principal teste será a inauguração do estádio Engenhão, no dia 30.



E aí, você já aderiu à campanha do Secretino, oops, Secretário de Transportes para um PAN Sem Trânsito? Não? Como assim?

Não acredito que você ainda não tenha comprado sua bicicleta para ir pedalando de sua bucólica casinha em Itaguaí até o escritório no Centro da cidade, enquanto aproveita para refestelar-se com a brisa do caminho?! Ou que ainda não tenha adquirido seu patinete para sair de Sepetiba, subir e descer a Serra da Grota Funda só para dar expediente lá na casa da patroa na Barra da Tijuca, deliciando-se com a paisagem?! Ou que sequer tenha pensado em consertar aquela velha prancha de surf para incorporar o mais perfeito espírito esportista e surfar nas ondas (eletromagnéticas) da SuperVia?! Ts...ts...ts...Que espécie de cidadão é você que não se sente motivado a engajar-se em campanha de tão nobre intuito?

Para que a cidade não se transforme num PANdemônio, o alcaide e seus asseclas contam com você!! Por isso, a partir do próximo dia 13 (uma sexta, a propósito), deixe seu carro na garagem e, se puder, fique em casa. Converse com seu chefe, patrão, dono ou amo e explique que você é um cidadão carioca e que, pelo bem da imagem da cidade no exterior e total apoio às campanhas dos PANacas que a dirigem, você não trabalhará enquanto durar o PAN - ele entenderá.

Ou, a menos que você seja um aventureiro nato e tope circular pela cidade como sardinha enlatada dentro dos poucos ônibus existentes ou do metrô (que, no Rio, leva do nada a lugar nenhum), pegue seu kit sobrevivência e anti-bala perdida*, utilize o transporte coletivo e boa viagem! Torço por você.


* Itens que compõem o kit básico de sobrevivência nos coletivos do Rio de Janeiro – facilmente encontrado em qualquer unidade das Organizações Tabajara:

- colete à prova de balas;
- capacete blindado;
- máscara de oxigênio (muitas bocas, sovacos e bundas por metro quadrado exigem esse acessório);
- personal air-bag (para os usuários de vans, que vira-e-mexe se estropiam por aí);
- protetor anatômico para buzanfas femininas (para conter a ânsia esfregativa masculina em coletivos);


...

A propósito, curiosa a definição do Aurélio sobre nosso futuro estado de ser e sobre as medidas adotadas para tentar evita-lo, pareceu-me algo profético:

Pandemônio: s.m. 1. Capital imaginária do inferno. 2. Reunião ou conluio de pessoas com o fito de fazer mal ou armar desordens. 3. Tumulto, balbúrdia, confusão.

Panacéia: s.f. 1. Remédio para todos os males. 2. Fig. Recurso sem nenhum valor empregado para remediar dificuldades.

Ou seja, é a panacéia política para procrastinar o pandemônio! Essa aliteração toda me causou Panfobia, isso sim!! Estamos a menos de 20 dias para os jogos Pan-Americanos na cidade que um dia foi maravilhosa... E me dá arrepios só de pensar nisso.

sexta-feira, junho 22, 2007

Estatísticas funestas



"Mulheres que estudam mais não casam, revela IBGE" - saiu no jornal hoje de manhã.

Taí. Achei a desculpa perfeita para minha “encalhadice”. Não sei por que, mas estou começando a acreditar em pesquisas. Talvez pelo fato de ter entrado para as estatísticas. Merda!

terça-feira, junho 05, 2007

Humor do dia


Eu tava triste tristinha
mais sem graça que a top model magrela na passarela

eu tava só sozinha
...

E como ontem não recebi nenhum telegrama
dizendo branca sinta-se feliz
porque no mundo tem alguém que diz:
que muito te ama que tanto te ama
que muito muito te ama que tanto te ama
...

Hoje eu acordei sem nenhuma vontade
de mandar flores ao delegado,
de bater na porta do vizinho
e desejar bom dia
muito menos de beijar o português da padaria
...

Não sei até que ponto chega minha mesquinhês ao admitir que a felicidade dos outros tem me incomodado nos últimos dias, ou meses, sei lá... mas isso é um fato e tem acontecido com uma freqüência maior que a imaginada.

Nunca fui uma pessoa cobiçadora dos bens alheios, sempre lidei bem com a tensão ambição x resignação para assuntos financeiros. Minha dose de inveja, com um misto de admiração, restringe-se a certas experiências, oportunidades ou acontecimentos que recaem, aparecem, se fazem presentes na vida das pessoas ao meu redor. Ao redor, mas parece que nunca próximas o suficiente para que se façam presentes no meu terreno também.

A porção resignação diz que é assim mesmo, cada um tem sua medida nesta vida. Mas tem sido particularmente difícil ver as pessoas com as quais eu me acostumei indo embora, seguindo suas vidas e realizando muitas das coisas que eu gostaria de realizar, de experimentar e o melhor, em geral, com companhias apaixonadas, interessadas e que deixam tudo muito mais interessante.

No início do ano foram-se dois para a Europa, em intercâmbio: a colega de universidade e vizinha e o amigo companhia-certa-para-filmes-que-ninguém-nunca-ouviu-falar, que de quebra foi arrastado por uma alemãzinha muito muito fofa. Em alguns meses, mais uma amiga sai do apartamento para viver sua estória de Cinderela. Há os muitos que têm suas companhias ideais para cinema, restaurante, parques e afins. Sem contar os tantos que por mim passaram e se foram, na maior parte das vezes, acompanhados por pessoas que moveram mundos e fundos para estarem próximas deles.

Nada contra todos os que parecem ter recebido seu quinhão da vida, não tiraria de modo algum o mérito de cada um que recebeu sua boa porção. Só me pergunto, por que parece que a minha porção não foi reservada? Será falta de mérito? Será que não haverá ninguém disposto a fazer o mesmo por mim?

As medidas paliativas, úteis e, quando possível, agradáveis que sempre tomei para preencher tempo e mente, tentando ofuscar a ausência de companhia, parecem já não surtir os mesmos efeitos. Desde o último namorado, produto do século passado, minha vida tem sido trabalhar, estudar e, eventualmente, me divertir com os colegas que vêm e vão. Primeiro a faculdade, depois algumas mudanças de emprego, cursos livres, agora a pós e assim vou eu, tentando me convencer de que a minha parte do tesouro sentimental está guardada em algum baú (ou potinho) por aí...

Só que hoje estou cansada. Cansada dessa caminhada longa e exaustiva. Nunca fui boa mesmo em provas de resistência...

P.S. Não estranhem os que por aqui passam, em busca de uma dosesinha de ironia e sarcasmo com o inusitado da vida. Não se preocupem. Isso não é um bilhete de despedida. Não fui desenganada pelos médicos, não estou com nenhuma doença terminal, não tenho vocação para suicida nem nada parecido.

O post tristinho pode ser apenas sintoma de um descontrole hormonal ou de TPDN (Tensão Pré Dia dos Namorados), que acomete solteiras de plantão nessa época do ano, principalmente se a coitada não sabe o que é um presente nessa data há pelo menos uns 12 anos.

terça-feira, maio 29, 2007

Big Donor Horror Show

Enganou-se quem pensou que a onda de “reality shows” que inundou a TV nos anos 00 teria dias contados. A cada dia surge uma mirabolante idéia sob o pseudônimo de “reality sei-lá-o-que”. Assim, quando pensávamos que já tínhamos chegado ao fundo do poço com as várias edições de Big Brother, Celebrity Big Brother , Next American Top Model, American Idol, The Real Housewives of Orange County, Simple Life e do Chinese Kung Fu Star Search, eis que surge o Big Donor Show!

O novo programa funcionará desta forma: um doente terminal escolherá uma dentre três pessoas para receber um órgão seu. Para tomar a decisão, o doador moribundo poderá conversar com parentes e amigos dos “concorrentes” e, desta forma, traçar um perfil de cada candidato em função de suas estórias de vida. Não acredita? Então leia aqui.

A iniciativa da emissora suscitou um debate ético e a justificativa para a realização do programa é o fato de o mesmo ser um veículo utilíssimo para chamar a atenção da sociedade para as dificuldades enfrentadas por todos aqueles que necessitam de um transplante. Para isso alegam que a chance para cada um dos paci... oops, concorrentes receber o órgão é de 33%, maior que a chance dos que estão na fila de espera.

Agora, pois, analisemos os fatos. O país em questão é a Holanda. Se lá, num país que imaginamos ter um sistema de saúde pública que funcione (ou pelo menos funcione melhor que o nosso, o que não é difícil), a chance de um paciente receber um transplante é menor que os tais 33%, imaginem o alvoroço que não aconteceria em Terra Brasilis se as nossas digníssimas e socialmente preocupadas TVs resolvessem investir no filão?! O programa teria vida longa e certa! Sucesso absoluto. Explico o motivo.

Considerando-se:
a) o tamanho da lista de espera brasileira para realização de transplantes, que todos sabem ser de anos a fio;
b) a burocracia governamental que faz com que doadores, receptores, hospitais e coletores de órgãos não se entendam e quase nunca se encontrem;
c) o pseudo-interesse social das emissoras de TV, que vivem de realizar assistencialismo barato;

d) a tendência do brasileiro em solidarizar-se com o drama alheio e
e) a incrível vocação da sociedade em assumir o papel do Estado

– pronto, temos a conjunção de fatores perfeita para a proliferação de programas dessa natureza. Se estivermos vivos até lá, seremos testemunhas do Big Donor Brasil 2073!

Fico imaginando, cá com meus botões, como as emissoras de TV e demais interessados poderiam se beneficiar com o novo “entretenimento”. Daí me vêm à mente:
- uma enorme quantidade de inscritos como receptores, felizes por terem como concorrentes apenas meia dúzia de (in)felizes como eles, em vez das dezenas ou centenas da lista em que figuram há anos;
- o considerável número de doadores, ávidos por “poder ajudar o próximo”, sem visar, é claro, aos 15 minutos de fama e à imagem pública transmitida aos milhões de espectadores;
- a quantidade de anunciantes se estapeando por segundos no horário nobre, que iriam desde hospitais, empresas de equipamentos médico-hospitalares, de gêneros alimentícios especiais, passando por seguradoras de saúde, de vida e até de morte, como as de auxílio-funeral – cujo público-alvo seria, obviamente, os preteridos pelo doador-moribundo e o próprio;
- e, o beneficiário-mor – o Estado, que encontraria a desculpa que faltava para definitivamente negligenciar seu papel como provedor e mantenedor de saúde pública, do mesmo modo como faz com o projeto “Amigos da Escola”;

Em vez das edições anuais do “social reality show”, poderíamos ter umas quatro, afinal tempo é um fator decisivo para os concorrentes. Além disso, a variedade de transplantes nos permite fazer edições temáticas – rins, fígado, pâncreas, coração (edição especial de Natal), etc. Córnea não, porque é muito simples e não causa comoção suficiente.

O vencedor do Big Donor Brasil seria aquele que conseguisse contar a estória mais dramática, construir a imagem mais perfeita de brasileiro sofredor, porém cheio de garra para vencer e outras ladainhas do gênero. Antevejo a indecisão do público, coitado, tendo que optar entre o concorrente idoso, quase defunto, necessitado mais que tudo do novo coração, e a jovenzinha linda, quase cheia de vida, com um futuro quase lindo, não fosse a insuficiência cardíaca que a debilita e a impõe sempre um “quase”.

Face ao que temos visto acontecer nesse país nos últimos anos, onde o improvável e o absurdo tornam-se realidade num piscar de olhos, não duvido de mais nada. Espero apenas que me dêem uma comissãozinha caso as idéias acima sejam aproveitadas por alguma emissora. :-)

quarta-feira, maio 09, 2007

O Papa e a Dança da Chuva

Nosso adorado, idolatrado, salve, salve, país é realmente adepto do sincretismo, de todas as formas. No país da perfeita integração racial, da tolerância religiosa e da liberdade de expressão, mais um mito entra para a lista: o do Estado Laico.

Depois de todo o espaço na imprensa ocupado com matérias, chamadas extraordinárias na TV e outros frufrus midiáticos em função da chegada do Papa, como se o país INTEIRO fosse católico, eis que surge uma notícia, no mínimo, inusitada. Políticos de São Paulo depuseram São Pedro do posto oficial para assuntos meteorológicos (!) e convocaram uma entidade de outra natureza, o médium Adelaide Scritori, presidente da FCCC (Fundação Cacique Cobra Coral) para cuidar da meteorologia da cidade durante a visita de Sua ou Vossa (só sei que não é Minha) Santidade. Pois bem, a Prefeitura de São Paulo (!) utilizou os prestimosos serviços do médium a fim de afastar a frente fria que estava (e ainda está) prevista para o Sudeste durante os dias de visita do pontífice à cidade. E o pior – esse serviço dá inicio à parceria entre a Prefeitura e a FCCC, que recebe 20% do faturamento de uma determinada (porém não revelada) instituição de seguros. Vide e-mail abaixo, publicado na Revista Época, de 07/05/2007
ou clicando aqui.


Com essa notícia nonsense, me vieram à cabeça as seguintes questões: se a empreitada for bem sucedida, estaria o Instituto Nacional de Meteorologia fadado ao fracasso? A quem recorrer caso a qualidade dos serviços não esteja a contento? Ao SACC – Serviço de Atendimento ao Cretino Crédulo? Quem seria a “entidade” reguladora de tais serviços – a AMeM (Associação Mediúnico-Meteorológica), com algum babalorixá como presidente? E São Pedro, coitado, seria expulso do cargo em que está há séculos, assim, sem nenhuma verba indenizatória? Ou seria criado um regime celestial de previdência social, o INSS do céu, para os santinhos anciãos e descanonizados?

Bem, torcendo para que essas não sejam nossas próximas preocupações, espero que o Estado se torne definitivamente laico e os limites entre política e religião sejam finalmente estabelecidos, antes que o crescimento do Islamismo no mundo chegue aqui e o país decida aderir à Sharia.

quinta-feira, abril 26, 2007

Sat sri akal soniyo - aos amores impossíveis

Em tempos de absoluta falta de amores possíveis, tenho me contentado com os impossíveis mesmo... e até que tem sido divertido.

E à procura de vídeos do meu mais novo objeto de desejo, Naveen Andrews, eis que encontro a cena abaixo, com o Sayid Jarrah, também conhecido pela alcunha de “MacGyver de Tikrit”, em outra performance:



Além de “trrriangularr” o sinal em Lost e “torrrturar” alguns elementos na série, Sayid até que manda bem nas dancinhas indianas... Já assisti o vídeo tantas vezes que já sou capaz até de cantarolar a letra no original... em Hindi!


E para quem se empolgou com o “oh balle balle”, aqui está a letra para sacolejar e cantar junto:

Balle Balle Je Soniye De Lyrics
Hindi Movie/Album Name: Bride And Prejudice

Singer(s): Sonu Nigam, Gayatri Iyer

Balle balle je soniya de rang dekhlo (Look at the colors of these beauties…)
Bina dor di uDh di patang dekh lo (Look at these flying kites without a string..)
Aj munde hue enhan de malang dekh lo (These boys have become slaves for htem...)
Bina dor di uDh di patang dekh lo (Look at these flying kites without a string...)

Ay kudiyan kudiyan, ay tikhiyan churiyan (These girls, the sharp knives!)
kudiyan jawan hath na aawan (The girls go... and do not become ours)

hoo

Ena pundiyan de maare hue tang dekh lo

Sat sri akal soniyo ( Sat Sri akal - a Sikh greeting) to the cute boys)
Sunaao sanuun haal soniyo (Tell us how you are, cute boys)

Oh zaraa nach ke dikhaoo saDe naal soniyo (Oh, dance with us and show us how you do it)
Na soch sawal soniyon, ehdi kyun chaal soniyo (Don't think that we're joking)

Eh naara naara naara, eh tikhiyan tejh katara (.... these girls sharp as knives)
Bijili di nangiyan taara.n, oh taara taara taara (These bare electric wires)
Je kol ena de aaoge ta pyaar de chakke khaoge (If you come close to them, you'll get the "shock" of love)

Baage vich aaya karo (You should come into the garden)
Jado chand chup jaave (When the moon hides)
Tusi mukhda dikhaya karo (.. you should show your face)

Tu aagaya to bahaar aayi (You have come, and so the spring has come)
Haseen ho gaye nazare saare (Everything has become beautiful)

Mala vich phul Tangeya (I have put flowers into garlands)
Umraan lang chali aa.n (many years may have passed)
Par joban nahin langeya (but my youth has not passed)

quinta-feira, abril 12, 2007

Dona Candinha x Seu Orkut

"Como vai você
Eu preciso saber da sua vida
Peça a alguém pra me contar sobre o seu dia
Anoiteceu e eu preciso só saber."

Como vai você ( Antonio Marcos - Mario Marcos )


Em tempos de neo-capitalismo, capitalismo estendido ou qualquer outro nome que inventem enquanto não chegamos finalmente ao pós-capitalismo, bem sabemos que a conhecida batalha “homem x máquina” tem seus prós e contras. A máquina já substituiu o homem em uma série de atividades, trazendo consigo as benesses da alta produtividade, da eficiência, que permitem custos cada vez menores para diversos bens. Também são conhecidos os efeitos nefastos dessa substituição – desemprego, exigência de maior qualificação para o mercado de trabalho e blá, blá blá. Até a nossa boa e velha vida social já se encontra mais movimentada e eficiente dentro de um computador do que fora dele.

Mas tudo tem que ter um limite. Estão querendo agora delegar ao Orkut uma tarefa que era exclusividade de diletas e muito vigilantes senhorinhas dos subúrbios e cidades do interior: a fofoca ou, para ser politicamente correta, a atividade loquaz de manter sempre atualizada a rede de informações de um determinado grupo social (que pode ser da a rua, a igreja, a associação, o clube ou o bairro).

Mas para salvaguardar esse patrimônio intangível da humanidade, eis que surge um paladino: a Justiça Mineira! Ei, não confunda. Não estou me referindo à milícia, ok?! A Justiça Mineira mesmo – aquela senhora distinta, com direito a venda sobre os olhos e pão-de-queijo sobre as bandejas da balança, mandou retirar do Orkut uma página intitulada “Fofocas de Jacutinga”. (Link cortesia do amigo James)

Bem, esse fato histórico deve ter sido comemorado pelo SindPOVO - Sindicato das Propagadoras Oficiais de Verdades Oficiosas de Jacutinga. Afinal, se a justiça não metesse sua colher nesse negócio, o que seria das muitas “Donas Candinhas e Marocas” espalhadas por subúrbios e cidadezinhas afora? Seriam aposentadas compulsoriamente? Sofreriam de atrofia lingual ou depressão por ausência de disse-me-disse, por certo, com a concorrência desleal e veloz desse tal “Seu Orkut”; veriam suas boas e velhas cadeiras de balanço e agulhas de crochê definharem por falta de uso em frente ao portão... Assim, o ofício ou hobby preferido delas (e deles também, para não ser tão sexista) está garantido até segunda ordem.

P.S: E antes que alguém aí pergunte: não, eu não criarei uma ONG em defesa dos Sem-Maledicência, dos Sem-Futricos ou dos Sem-Funfunha. Não daria uma boa sigla.

segunda-feira, março 19, 2007

O crime na vanguarda da inclusão social

Enquanto governo, empresas e sindicatos discutem as relações de trabalho nestes tempos pós-modernos e tentam chegar a um denominador comum sobre um tema delicado como inclusão social no mercado de trabalho, seja de negros, mulheres e/ou portadores de deficiência, a criminalidade, cada vez mais organizada e eficiente em seus propósitos, caminha a passos largos nessa direção. Na vanguarda das relações “trabalhistas”, a criminalidade abriu amplo espaço para recrutamento e seleção de PPDF (Profissionais Portadores de Deficiência Física) ou PPNE (Profissionais Portadores de Necessidades especiais), para ser mais politicamente correta.

Explico: na última sexta-feira, assistindo ao telejornal de costume (não, não é o JN), me deparei com uma notícia que seria cômica, se não fosse trágica. Uma quadrilha de surdos-mudos(!) foi presa em flagrante num shopping center paulista. Três mulheres foram detidas por furto em uma das lojas do shopping e, já algemadas no camburão da polícia, estavam aos gritos – ou melhor, aos gestos – numa discussão que, imagino eu, tentava averiguar os culpados pelos erros na operação. Aí me detive no detalhe: que crueldade foi a ação policial! Algema para surdo-mudo é o mesmo que mordaça para falantes, ou seja, tortura. E isso deveria ser proibido por lei...

E ainda segundo a reportagem, depois de terem chamado a irmã de uma das rés para servir de intérprete para que o delegado pudesse finalmente dar voz – oops, gesto - de prisão, descobriu-se que o mentor da quadrilha é um homem, também surdo-mudo. Como se vê, a inclusão social se deu de forma quase perfeita, não fosse, mais uma vez, a constatação de discriminação nas relações trabalhistas entre os sexos. Ao que parece, as funções estratégicas ainda estão a cargo de homens também nas quadrilhas e às mulheres delegam-se as tarefas operacionais e de alto risco. Será que a Organização Criminal S.A. pagava ao menos o adicional de periculosidade para elas?

Isso daria um texto no blog da Carla Rodrigues no No Mínimo, hehe.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Família, família, papai, mamãe, titia... nunca perde essa mania!


Minha solteirice chegou a níveis alarmantes. Deixou de ser apenas uma circunstância da minha vida para ser motivo de grande aflição lá em casa. O grau de preocupação é tanto que dia desses, numa de minhas visitas à mami, ela veio com essa conversa:

Mami: Minha filha, nessa semana eu estava assistindo aquele programa que você gosta... aquele, daquela mulher de voz horrorosa, sabe?
Eu: O Sem Censura, da Leda Nagle?
Mami: É, esse mesmo. Então... tinha um homem lá falando que quanto mais estudo a mulher tem, mais difícil é de arrumar casamento. Ele falou lá com um monte de números e tal (deviam ser as estatísticas)... você tinha que ver.
Eu (olho esbugalhado): Sei... é a coisa anda complicada mesmo.
Mami: Então, quando você conhecer alguém, não fala pra ele que você tem estudo e tal... não fala bonito, nem tenta parecer inteligente... assim ele não fica com medo, né?
Eu (com cara de espanto, após participar deste diálogo surreal): ?? É mãe... então acho que eu vou continuar solteira.

Pode isso? Minha mãe assim, cheia de dedos, só para me dizer para eu não ser muito independente, inteligente, essas coisas... porque é assim que as coisas são?!!

Tudo isso culpa da Veja que, na época, publicou uma reportagem enorme e fatalista, que poderia ser resumida da seguinte maneira: mulher + idade + formação acadêmica são inversamente proporcionais ao casamento.

terça-feira, novembro 28, 2006

Me abraça, me aperta

A festa
(Maria Rita)

"Me abraça, me aperta
Me prende em tuas pernas
Me prende, me força, me roda, me encanta
Me enfeita num beijo

Me abraça, me aperta
Me prende em tuas pernas
Me prende, me força, me roda, me encanta
Me enfeita num beijo"


Ô coisa terna...

quarta-feira, novembro 22, 2006

Promise Courier

Neste mundinho globalizado em que vivemos, percebemos que o fenômeno da terceirização não se atém apenas às relações trabalhistas. Notamos que ele já alcançou até mesmo o ramo da espiritualidade.

Não é novidade para ninguém o aumento na quantidade de prestadores de serviços nos templos afora que agem "em nome de Deus". Especula-se que o Todo-Poderoso anda muitíssimo ocupado para dar conta dos pedidos individuais da população mundial, que não pára de crescer. Portanto, diz-se, Ele decidiu horizontalizar a hierarquia, delegar tarefas a fiéis mandatários e potencializar sua capacidade de atendimento e a satisfação do público com os serviços celestiais.

Através de franquias espalhadas pelo planeta, seus “representantes oficiais” realizam qualquer negócio. O serviço espiritual anda tão profissional atualmente, que podemos encontrar no mercado a seguinte lista:

- imobiliárias celestes - que negociam a venda de terreninhos no céu a preços módicos e financiamentos a perder de vista (estamos no campo da eternidade!);
- concessionárias divinas - seu carro novo ou seu dízimo de volta!;
- serviço médico personalizado - especializado em causas impossíveis como a cura para todo o tipo de moléstias e patologias fatais;
- até um call center, com operadores anti-gerundismo preparados para receber as reclamações e súplicas dos fiéis e encaminhá-las a Deus. É claro que o cliente disposto a pagar a taxa de entrega rápida, tem sua mensagem-prece imediatamente colocada na caixa postal do Altíssimo, espécie de fura-fila divino.

Mas engana-se quem pensa que estes serviços representam a vanguarda da terceirização nas práticas monetário-espirituais. A maior novidade entre os fiéis nestes tempos modernos e corridos é o Promise Courier. Por uma pequena quantia, variável conforme o tamanho do serviço a ser realizado, o cliente tem sua promessa paga com a comodidade de permanecer no aconchego do seu lar, sem precisar ralar seus joelhos subindo escadarias nem carregar cruzes pesadíssimas, sacrifícios pra lá de démodé...

Anedota? Não. Até é coisa de português mas, infelizmente, está longe de ser apenas mais uma de nossas famosas piadas protagonizadas por patrícios. Não acreditam? Então confiram aqui.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Antes mal acompanhada do que só

Em dias de faxina no apê, nada melhor que música bem alta. Principalmente se for da Ana Carolina, vociferando sua raiva contra o mundo, os homens (ou mulheres - ainda não sei), os vizinhos e quem mais cruzar seu caminho. Trilha sonora perfeita para mulheres que resolvem limpar a casa em plena noite de sexta-feira por falta de coisa melhor a fazer.

Depois ainda vêm me dizer que é melhor estar só do que mal acompanhada... Sei.

Hoje Eu Tô Sozinha
(Ana Carolina)

Hoje eu tô sozinha
E não aceito conselho
Vou pintar minhas unhas e meu cabelo de vermelho
Hoje eu tô sozinha
Não sei se me levo ou se me acompanho
Mas é que se eu perder, eu perco sozinha
Mas é que se eu ganhar
Aí é só eu que ganho

Hoje eu não vou falar mal nem bem de ninguém
Hoje eu não vou falar bem nem mal de ninguém

Logo agora que eu pareiParei de te esperar
De enfeitar nosso barraco
De pendurar meus enfeites
De fazer o café fraco
Parei de pegar o carro correndo
De ligar só pra você
De entender sua família e te compreender
Hoje eu tô sozinha e tudo parece maior
Mas é melhor ficar sozinha que é pra não ficar pior

segunda-feira, novembro 06, 2006

Aula expositiva de como não se deve administrar o tempo - Parte II

Sábado
Mais um dia de despertador às 9 h, jornal pela manhã. Ligação aguardada durante o dia, que não veio, e ida ao centro da cidade para umas compras domésticas. Aproveitei a liquidação de UD da C&V e comprei um novo liquidificador. O meu, presente de um amigo, já tinha lá seus 20 anos... Agonizava. Com meu novo hábito de fazer bolos de cenoura, ele foi liquidado, coitado.

Além de um trato no visual (manicure e hidratação das madeixas), afinal, sábado é dia de gata borralheira virar Cinderela, nada de mais produtivo foi feito do dia. Meu amigo estudando para o mestrado e eu lá... prostrada diante da tv, já que o príncipe encantado ainda não encontrou meu sapatinho (sapatinhos de cristal número 38 são realmene difícieis no mercado)...

Somente à noite desentoquei e fui dar uma voltinha na praia. Meu penpal chegou e fiz as honras da casa. Mostrei-lhe um pouco de Ipanema e Arpoador e combinamos alguma coisa para o domingo. Ele pareceu bem simpático, gentil e bonitinho como sugerido por MSN e fotos anteriores. Pena que tenha alguns centímetros a menos do que eu imaginava e muito menos português do que o esperado, o que complica um pouco as coisas, já que meu inglês impede qualquer conversação mais longa.

Domingo
Programa do dia: assistir à qualquer partida de beach soccer que estivesse acontecendo na praia de Copacabana. Acordei às 7:30 h em pleno domingo, início de horário de verão (traduzindo: uma hora a menos de sono), coisa que não faço nem para ir à EBD de minha igreja. Às 8:30 h lá estava eu em Ipanema só para levar o coleguinha ao jogo. Conseguimos entrar e arrumar um bom lugar na arquibancada.

Dia agradável, não muito quente, ligeiramente nublado. De posse de água e protetor solar, ficamos lá por algumas horas à mercê do mormaço e do entusiasmo da torcida. As seleções? França e Canadá no primeiro jogo e, para minha surpresa, Brasil e Japão no segundo. Ódio mortal da França e seus sei-lá-quantos gols sobre o Canadá. Perdi as contas não sei bem onde. Nem adiantou toda a torcida fazendo corrente-pra-frente para os canadenses... os coitados precisam realmente aprender a jogar futebol. Depois foi a vez do Brasil, que também me fez perder as contas, só que dessa vez felizmente, afinal estávamos vencendo.

Gostei da experiência. Nunca havia assistido a uma partida de futebol ao vivo. É bem empolgante. Duas partidas de futebol forneceram uma boa dose de risadas e um bocado de xingamentos contra os franceses no domingo. Emoções extravasadas. Felicidade estampada na cara. Os inúmeros técnicos e figuras excêntricas ao redor têm efeitos maravilhosos sobre nosso humor.

Pois bem, terminada minha aventura sociológica, hora de voltar para casa. Caminhando, claro, como pedia a manhã. Longos minutos de mudez, devido ao meu alto grau de conhecimento na língua do Império e do dele sobre a língua de Camões, e lá estávamos nós no hotel novamente. Almoço no Garota de Ipanema, meu anunciado presente de Natal (um thesaurus) devidamente entregue e as despedidas do dia. Só quando chego em casa, exausta, é que percebo o resultado da aventura: qualquer tomate perde feio para meu vermelho vivo. Esturriquei sem perceber.

A sensação de improdutividade ainda me incomoda. Acho que preciso mesmo de um cursinho de administração do tempo – módulo intensivo plus! Empaquei novamente no "Cem Anos de Solidão", por conta disso não voltei para "Lolita", não comecei a ler o livro sobre religiões, em inglês (!), emprestado por um amigo, não consegui dar conta de meus DVDs da Aeon Flux, nem de outros filmes que constam na lista de desejos.

Balanço do feriadão: foi bem menos proveitoso do que poderia, mas ainda assim agradável. Estou excessivamente bronzeada, com um tom vermelho-turista que só gente desprovida de melanina consegue alcançar, ardida, mas com incríveis olhos verdes, realçados todas as vezes que tomo qualquer sozinho.

P.S.: Prometo que em minha próxima incursão ao mundo dos guias de turismo tento ser menos clichê.

Aula expositiva de como não se deve administrar o tempo - Parte I

Segunda, terça e quarta foram dias agitados no trabalho, chefes em viagem e uma série de tarefinhas e pagamentos a fazer já que a semana seria mais curta. Quase nada de jornal online, blogs ou No Mínimo e, portanto, nada de engraçado para comentar por aqui... Mas compensaria, afinal o feriado seria longo. E começaria na própria quarta com uma sessão de cinema baratinha, perto de casa e com o filme da Chapeuzinho enlouquecida. Porém...

Quarta-feira
No fim do expediente, combino cinema com um amigo, meu companheiro infalível para filmes-que-ninguém-mais-quer-assistir. Tudo certo para a última sessão no shopping a meio caminho do meu trabalho e da casa dele.

Chego mais cedo e vejo que a sessão indicada pelo jornal não existe. Ou seja, não poderia mais dar as risadas que pretendia e teria que me contentar com outro filme. Até aqui, tudo bem. Como o tempo ainda sobrava, comprei o ingresso para a última sessão de Pequena Miss Sunshine e fui dar uma volta no shopping enquanto meu amigo não chegava. A partir daí a noite desandou.

Cansei de dar voltas e nada do dito-cujo aparecer. Nada de mensagem avisando que não iria. Nada de crédito no meu celular para eu xingar o cidadão. Que raiva! Mas já que estava na chuva, resolvi me molhar de vez e ali permaneci, como feliz proprietária de um ticket de cinema numa noite solitária. Avistei uma livraria, entrei, encontrei de cara o livro de iniciação à Filosofia cuja indicação recebera do Barista no dia anterior e, óbvio, comprei. Sentei num cantinho, espécie de lounge, acho, e comecei a ler. Ótimo para leigos como eu.

Pouco antes do filme, mais uma volta no shopping e uma cantada nada original (do tipo “Oi, não te conheço de algum lugar? Da Letras & Expressões talvez?”) de um velho-babão. Se fosse ao menos um coroinha enxuto, eu até diria que sim, diria até que trabalhava lá. Mas para o véio-babão não dava. Seria baixar níveis demais no meu controle de qualidade. Sou uma encalh... oops, solteira por (falta de) opção, mas até na solteirice existe dignidade.

Pois bem, passado o susto e a careta que eu, involuntariamente, devo ter feito para o distinto senhor, fui para o cinema e ri um bocado com o filme. Valeu a pena, mesmo sozinha. A volta para casa é que é sempre ruim. Os ônibus nos ignoram, as vans idem... Mas felizmente cheguei ao apê a tempo de contar a estória para os colegas e terminar a noite rindo.

Quinta-feira
O dia começou tarde. Como sempre, dormi demais e, apesar do bem-estar físico que isso me proporciona, a culpa pela sensação de improdutividade continua me inundando em dias de ócio. Além das compras de mercado, nada fiz de importante.
Sexta-feira

Não trabalhei. Acho que os chefes estão bastante felizes no Caribe e por isso nos deram esse dia de brinde. Para tentar não me culpar pela improdutividade do dia, pus o relógio para despertar às 9 h (quem me conhece sabe que, sem relógio, costumo acordar lá pelas 13 h). Vi parte do telejornal, li o jornal do dia e fiquei lá desejando, como sempre, ter companhia para as mil e uma coisas que gostaria de ver ou fazer nos próximos dias. Teatro com meia-entrada, com direito a acompanhante - legal, mas muito longe. Maratona Odeon – ótima pedida, mas dependia de dinheiro (porque dessa vez não haveria meia-entrada) e da companhia dos amigos. Rastros da Maldade na HBO à noite – maravilha, adoro o Tony Hill.

As horas passaram, nem sei dizer como, e no meio da tarde, inventei uma faxina. Resultado: casa limpa, mas Fabiácea suja, descabelada e com dores lombares, já que a coluna, há anos, não é mais a mesma. O cansaço somado à cólica de costume, à desistência de um amigo de ir à Maratona e ao desejo de economizar me fizeram terminar a noite em casa mesmo. Rastros da Maldade me deixaria feliz o suficiente, mas só se a HBO cumprisse sua própria grade de programação. Mas quem disse que o canal o fez? Agiu como o SBT, que muda os horários e dias das séries sem prévio aviso, logo na sexta, na minha sexta de programações frustradas... Como estava sem sono em função do cochilo pós-faxina e meu amigo estava nos braços de Manoel Carlos no meio da sala, levei o DVD player para o quarto e finalmente assisti Camile Claudel, que já estava empoeirando lá na estante. Fiquei surpresa de como eu gosto do Gerard Depardieu e seu nariz obsceno!

terça-feira, outubro 17, 2006

'Mus-aico'

Para hoje um post sem qualquer pretensão, apenas um pouquinho de mim em cada trecho.

I want to turn the whole thing upside down
I'll find the things they say just can't be found
I'll share this love I find with everyone
We'll sing and dance to mother nature's songs
I don't want this feeling to go away

Upside down (Jack Johnson)

Quem não tem pra quem se dar
O dia é igual a noite
Tempo parado no ar há dias
Calor, insônia, oh... noite

Boa noite (Djavan)

Girl, put your records on,
tell me your favourite song.
You go ahead, let your hair down.
Sapphire and faded jeans,
I hope you get your dreams.
Just go ahead, let your hair down.
You're gonna find yourself somewhere, somehow.

Put your records on (Corinne Bailey Rae)

Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem…

Senhas (Adriana Calcanhoto)


Românticos são poucos
Românticos são loucos desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro é o paraíso

Românticos são lindos
Românticos são limpos e pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha e sem juízo

São tipos populares que vivem pelos bares
E mesmo certos vão pedir perdão
E passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo de outra desilusão
(Romântico é uma espécie em extinção)

Românticos (Vander Lee – na voz de Rita Ribeiro)

Aipim com gosto de saudade

Certos pratos ou alimentos têm o poder mágico de remeter-nos a outras épocas de nossas vidas, fazer-nos recordar lugares e pessoas que os degustavam conosco. Nesse fim de semana tive meu momento nostalgia ao saborear um prato bem simples, mas que para mim vem sempre acompanhado de lembranças da infância, de momentos de refeição em família e, por conseqüência, de muito carinho.

Como boa filha de nordestinos que sou, não resisto a certos itens da culinária “lá de riba”. Uma boa farinha de mandioca, branca e fina, por exemplo, sempre me faz lembrar daquela utilizada por minha tia para dar a liga ideal para os maravilhosos bolinhos redondos, feitos de arroz, feijão, farinha e um cheirinho de carne, que ela enfiava “goela abaixo” das crianças e chamava gentilmente de “capitão”. Eu simplesmente a-do-ra-va a farra com meus primos e, principalmente, a hora da refeição coletiva, porque sabia que ia ter capitão, um por vez para cada boquinha faminta.

Outras coisinhas gostosas que me lembram casa da vó, dos tios ou a de mami são o cuscuz de milharina e o biju, que tostadinho, com qualquer recheio ou em qualquer horário é sempre uma boa pedida.

Mas de todos os pratos habituées de nossa mesa, tenho verdadeira adoração por um: o aipim. Nessa sexta-feira, ao dividir com uma das amigas de apê uns pedaços de aipim que acabara de cozinhar, me peguei agradecendo a Deus por um momento tão simples, mas tão significativo para mim.

Nesse dia, pedaços de aipim cozido com manteiga derretendo sobre si chamaram o café fresquinho, o leite quente e me remeteram a vários outros momentos de refeição em família. E, obviamente, a alguém especial na minha vida, meu pai.

Aipim com café tem gosto de saudade. Saudade das manhãs em que ele nos acordava (eu e meus irmãos) chamando baixinho, com cafuné e com uma serenidade que só ele tinha e nos transmitia. Como era bom ser acordada desta forma só para não perder o aipim quentinho, o cuscuz de milharina ou o pão francês com ovo estrelado, com aquela gema bem molinha que só ele sabia preparar.

Ao lembrar do café, inevitavelmente lembro dos fins de semana de pizza que ele preparava para a família e para meus amigos, aquele bando de adolescentes caretinhas que freqüentavam a casa para tardes de estudo, música, filmes VHS ou qualquer outro pretexto para saborear seus quitutes. Recordo ainda dos domingos de lasanha, carne assada ou de bife à parmegiana, que ele adorava fazer... e comer, claro.

Por essas e outras, sou muito grata à vida pela família que tenho e pelo pai que tive. Pai que era nosso porto seguro, nosso esteio, que sonhava junto, que dizia “não” quando necessário, que entre um plantão e outro arrumava tempo para nos colocar para dormir ou acordar cheio de carinhos.

Às vezes me pergunto se excesso de amor deixa a gente mal acostumada ou exigente demais, se ainda haverá tempo de ter filhos, visto que de marido não há qualquer sinal até agora... Sei que não posso reclamar do que recebi da vida até aqui, mas será que é pedir demais que ela me conceda alguém com a mesma disposição para amar e construir, ao meu lado, uma família? Será que a minha porção de amor nesta vida é finita e já me foi concedida? Eu, sinceramente, espero que não.

E depois de todo esse texto, fiquei pensando: ou o aipim tem propriedades terapêuticas ainda não descobertas pelos psicólogos Brasil afora ou isso é crise dos trinta...

quarta-feira, outubro 11, 2006

Levantando com 2 pés esquerdos

O dia começou bem… Acordei meia hora antes do habitual, porque minha colega de beliche pediu que colocasse o despertador para acordá-LA mais cedo. Resultado: EU é que fui alvo do despertador malvado, embora tenha ficado de lenga-lenga na cama até o horário de costume. Minha amiga nem se mexeu. Desci, olhei pela janela para ver como estava o trânsito em direção à Barra. Tudo normal. Daí, fiz tudo exatamente como faço todas as manhãs, na velocidade mínima de costume,claro, porque hoje o tempo era meu amigo.

Saí de casa um bocadinho mais cedo com a nobre intenção de chegar ao trabalho no horário devido. Não contava com um novo inimigo: o trânsito traiçoeiro. Ao caminhar em direção ao ponto de ônibus percebi que o trânsito que fluía normalmente poucos minutos atrás, de repente se transformou num emaranhado de carros. Tudo absolutamente parado. Por sorte, peguei logo uma van.

8:40 h – eu dentro da van. Estranhamento inicial ao perceber que a trilha sonora era música eletrônica(?). Se eu fosse mais perspicaz teria notado que isso era um aviso do cosmos que alguma coisa estava muito fora da ordem – alguém aí já viu motorista de van ouvindo outra coisa que não pagode ou funk? Eu ainda não.

8:55 h – ainda na van. Neste horário, já deveria ter cruzado o minhocão, o túnel Zuzu Angel, São Conrado inteiro e estaria apreciando a paisagem que mais gosto no trajeto para o trabalho: o elevado do Joá – magnífica combinação de mar e montanha, azul celeste e verde da mata... lindo de viver. Mas onde estava eu? Não tinha sequer atravessado o túnel.

9:05 h – saindo do túnel. Visão da auto-estrada Lagoa-Barra absolutamente parada. O motorista tenta uma estrada alternativa, pelo alto de São Conrado, que nos pouparia alguns minutos de imobilidade naquele trânsito. Relativo êxito. A esta altura a trilha sonora da van já tinha passado por um rock pesadinho, pelo hip hop, pelo pop e chegado ao reggae. E eu com um puta medo de que o cd acabasse, o motorista se lembrasse da 98 FM e tudo desembocasse no pagode!

9:40 h - e eu ainda em São Conrado. Como tudo continuava a passo de tartaruga, o motorista tomou a estrada do Joá. As coisas também estavam lentas por lá, mas como não existe funcionário atrasado e meio, relaxei e desfrutei o melhor do passeio turístico forçado desta manhã.

Momento zen: outros ângulos para observar São Conrado, o mar, o Morro Dois irmãos ficando para trás e a aproximação da Barra, vista de cima, são realmente eficazes para atenuar os aborrecimentos causados num dia assim.

O motivo do engarrafamento? Uma das pistas do elevado fechada para obras de contenção de encosta. Umas pedrinhas rolaram por lá no sábado e antes que a natureza resolvesse brincar novamente de estilingue com os carros que passam por ali, o governo fez mão dupla da pista de baixo. Como o elevado é a principal via de ligação Zona Sul-Barra, o caos se instaura.

10:15 h – finalmente na Barra da Tijuca. Levei nada mais nada menos que o triplo do tempo usual para chegar ao trabalho. E logo num dia em que o boy estaria na rua logo cedo a serviço... Felizmente os chefes já sabiam das condições do trânsito de hoje.

Terei todo o dia para me preparar psicologicamente para enfrentar o trajeto de volta. Mas só de lembrar que hoje é véspera de feriadão, há mais carros na rua e todos parecem ávidos por chegar cedo em casa... penso seriamente em ficar aqui até amanhã de manhã.

Quanto à trilha sonora? Para minha felicidade absoluta, o CD player da van estava no modo "repeat". Do reggae voltamos para a música eletrônica e nem o pagode nem o funk tiveram vez esta manhã. Só me arrependo de não ter perguntado os horários desse motorista, pois já não aguento mais Dicró e sua piranha, Perlla, Sabrina e MC sei-lá-quem dia sim e outro também.

terça-feira, outubro 10, 2006

Igreja de Mary-Juana

Maconha sagrada

Um casal de pastores norte-americanos abandonou o rebanho da sua igreja no Arizona. Mas o motivo é justificável. Uns probleminhas com a Justiça estão impedindo Dan e Mary Quaintance de darem a atenção necessária a seus fiéis. (...)

Fundadores da Igreja do Conhecimento (Chruch of Congnizance), o casal Quaintance considera a maconha uma espécie de divindade (“Honramos a maconha como mestre, provedor e protetor”) que os ajuda a entrar em contato com Deus. Mas as autoridades dos EUA pensam diferente. Enquadraram os dois por tráfico de drogas.

(continua no No Mínimo...)

A cada dia que passa surpreendo-me mais com essas igrejinhas fast-food que surgem em cada esquina. Como se não bastassem os chutes nas santas, os processos dos centros espíritas e de candomblé por intolerância religiosa, tentativas de ressurreição de mortos nos cemitérios Brasil afora e até (pasmem!) xixi santo nas encruzilhadas para demarcar território e livrá-las do Demo, surge essa – a Igreja do (des)Conhecimento e seus métodos nada ortodoxos de contatar a divindade.

Agradeçamos a Deus o fato de, por enquanto, tal igrejinha ainda não ter aberto filial por aqui. Mas, em tempos de globalização e do jeito que brasileiro adora uma novidade importada, não demorará nada nada para lermos nos jornais do país notícias sobre o interesse dos traficantes tupiniquins em firmar parceria com os reverendos acima, com o nobre intuito de ampliar seus negócios entorpecentes.

Fazendo uma análise rápida, sem avaliar propriamente a veracidade das afirmações a seguir, consideremos: é publicamente conhecida a associação pobreza-igreja evangélica; tão conhecida quanto a parceria pobreza-favela; e mais ainda a conexão favela-tráfico de drogas. Ligando os três vértices, teremos o absolutamente rentável trinômio: igreja-favela-tráfico. Ou seja, uma filial da igrejinha de Mary-Juana por favela já é garantia eterna (com perdão do trocadilho) de mercado consumidor para nossos black market businessmen. Céus! Isso é um negócio promissor!

Por isso, é melhor eu parar de dar idéias para criação de empreendimentos inovadores e prósperos como esse. Os interessados em sugestões originais para alavancar seus lucros devem contatar-me por e-mail. Afinal, minha futura empresa de consultoria necessitará de receita para iniciar suas atividades ilícitas e antiéticas.

P.S: Brincadeirinha, pessoal! Por enquanto só nos resta rezar mesmo...

segunda-feira, setembro 25, 2006

CPI diante da lente da verdade

A tão poucos dias das eleições mais importantes do país, me pego fazendo a pergunta que não quer calar: em quem votar no próximo domingo?

Já deu para notar que sou uma cidadã absolutamente relapsa, não é? Não tenho a menor idéia de em quem votei nas eleições gerais de 2002 e mal consigo lembrar quais famigerados escolhi para presidente e governador pela última vez, se bem que esses até preferia ter esquecido mesmo, devido a tamanho remorso.

Daí chega a última semana do Horário Eleitoral Gratuito e eu percebo que ainda não tenho nenhum nome para senador, deputado federal e estadual. O que fazer? Sentar em frente à Tv e garantir momentos de intenso prazer e gargalhadas descomunais observando aquelas figuras excêntricas que insistem em pedir meu voto. Paralelamente a isso, vou dando um trato nas unhas das mãos e dos pés, rindo e praguejando meia dúzia de três ou quatro estrupícios que aparecem na tv.

Entre um “bife” e outro, vejo candidato evangélico na mesma coligação que candidato homossexual, ambos xiitas e com propostas políticas e sexuais diametralmente opostas; vejo a ex-BBB Marielza, a ex-quase-difunta, almejando o posto de ex-futura-deputada estadual deste Rio de beleza e caos; fico sabendo da candidatura a deputado estadual lá de Sampa do “cãozinho do forró”, Frank Aguiar, que no mínimo deve ter como projeto de lei a transformação da Av. Paulista num gigantesco Pavilhão de Cultura Nordestina e que a esta altura da campanha já deve contar com 50% dos paraíba-descendentes de lá... Já consigo até visualizar uma barraquinha de buchada de bode em frente ao prédio da “Belíssima”, outra vendendo peixeiras de todos os tamanhos em frente à Fnac e um pequeno palco ofuscando o MASP, para as apresentações do mais autêntico forró, é claro.

O ápice da esquisitice eleitoreira tradicional foi deparar-me com o Clô [Clodovil Hernandez para os não íntimos], aquela polêmica bicha afetada [que se declara apenas voyeur, jamais uma bicha!], que nas horas vagas exerce as funções de estilista-apresentador-agressor-verbal-de-celebridades quando alguma louca emissora de Tv resolve lhe entregar uma câmera e um microfone. Passado o susto inicial e escarafunchando nos sites da vida, descubro que o dito-cujo candidatou-se a Deputado Federal do Rio [onde mais?!] pelo PTC (Partido Social Cristão) e que sua campanha vai de encontro aos seus mais profundos valores: oficialmente, diz-se que ele anda se dizendo contra a união civil gay [não consegui ainda saber o que se diz em off, mas assim que souber, posto aqui].

Aí, é inevitável fazer outra pergunta que não quer calar: será que Clô, se eleito, instaurará uma "lente da verdade" na Câmara dos Deputados? Ainda não consta como projeto de lei a ser levado à Câmara, mas que seria muito legal vê-lo dizendo poucas e boas às Excelências, convocando-as para depor numa das futuras CPIs diante da “lente da verdade, meu amooorrr”, isso seria!

Bem, se no início do post eu não tinha candidato para preencher a listinha obrigatória do dia 1º de outubro, acho que agora já tenho. Na pior das hipóteses, a gente vai ver, pelo menos, a primeira-dama nacional com tailleurs mais bem cortados e penteados mais estilosos.

quinta-feira, agosto 31, 2006

Colocando a vida em dia

Dediquei o último fim de semana a pôr minha vida em ordem. No sábado arrumei o armário onde guardo meus livros, revistas e coisas da facul e, sacos e sacos de lixo e poeira depois, consegui até um espaço para os DVDs e VHS (meus e emprestados) que estavam se espalhando pela sala.

Aproveitando o caboclo limpador que baixou em mim naquele dia, fiz da faxina o mote do dia. O mesmo caboclo baixou na minha colega de quarto e a casa ficou tinindo de limpa. Não houve espaço para o “encosto do sofá” baixar nem para o “monstro da pia” estender seu reinado.

Depois dessa sessão de descarrego de poeira, teias de aranha e papéis velhos, mal conseguimos andar. Mas isso não nos impediu de ir ao Projeto Aquarius à noite e pasmar diante de tão grande espetáculo [lindo de viver], e tampouco de rir das figuras que sempre surgem num evento popular como esse: a gorda-encalhada-deitada-na-areia que se irritava com os passantes que tentavam transpor aquele enorme obstáculo; o cara da equipe de segurança que não parava de tagarelar ALTO no walk talk e que, por conseqüência, estava quase sendo fulminado pelos olhares e pelos sonoros “shhhh”, “silêncio” e “cala a boca, infeliz” de todos ao redor; as velhinhas que só vão para grandes eventos para ter mal estar, chamar os ditos seguranças e atrapalhar o concerto alheio; e, é claro, os ambulantes “surdo-mudos” que tentavam desesperadamente vender suas geladas mercadorias através de gestos e sussurros porque, afinal, queriam manter a etiqueta que o evento pedia.

No domingo mal consegui acordar e levantar da cama, por isso, nada fiz de relevante.

Durante a semana me propus a ficar em dia com o cinema e assistir a todos os DVDs e VHSs que agora se acotovelam naquele cantinho do armário. Na segunda, depois de vencer meu colega de apê na disputa pelo controle da TV e ter deposto a novela das sete, finalmente assisti o filme “O jardineiro fiel”. Só não fui assassinada porque meu amigo acabou gostando do filme.

Dia desses tentei ver “Lês choristes” [que aqui virou “A voz do coração”] que um amigo emprestou, mas o ordinário do dvd travou aos 115 min do segundo tempo. Conclusão: terei que alugar um dvd decente na minha extorsiva locadora. Como a televisão lá de casa é socializada, não posso simplesmente ser a déspota da TV que gostaria e ver um filme a cada dia. Tenho sempre uma árdua batalha a ser travada com o Manoel Carlos, com A Diarista ou com A Grande Família. Por isso ainda restam na minha lista a assistir: Guerra nas Estrelas I e II [os novos], Arquivo X [o filme], Quem somos nós?, Camile Claudel, Old boy [que descobri hoje ser precedido de Sr. Vingança e sucedido por Lady Vingança – só pra aumentar minha lista...]; uns filminhos lá no estilo Spike Lee e pasmem – uns VHS do Nacional Kid e os seres abissais [seja lá o que isso for].

Ontem fui ao CCBB com uma amiga e hoje devo ir com amigos ao Parque dos Patins, na Lagoa, vê-los patinar e, quem sabe, alugar um par de patins e me aventurar a levar uns tombos. Se amanhã eu não postar nada por aqui, não se espantem, pode ser apenas efeito colateral da patinação. Meu chefe vai adorar ver sua secretária de tailleur vermelho para combinar com o mertiolate dos joelhos ralados, uma botinha de gesso azul-marinho para combinar com a cor do uniforme ou uma tipóia marfim-pérola para fazer o estilo tom-sobre-tom em ambientes pastéis.

Se ainda me restar saúde, pretendo ir à Maratona de Cinema Odeon BR amanhã e varar a madrugada no cinema com amigos. E se tiver palitinhos para pôr nos olhos no sábado, vou ao churrasco de aniversário do papi de minha colega de quarto. Domingo tem mudança. Finalmente levaremos um computador e uma tv decente para aquele apartamento.

E os demais finais de semana de setembro ainda prometem! Constam na agenda o churrasco com antigos amigos do segundo grau, uma pequena viagem a Sampa e o Congresso Latino-Americano da Juventude Batista aqui mesmo na Tijuca. Muy chevere!

Ah, confesso que ainda não cumpri todas as tarefas do post anterior... Não voltei para a academia, mas pelo menos evitei o Rei do Mate e a Casa da Empada. Tenham fé, eu chego lá.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Evitando a primeira glicose

Só por hoje evitarei o primeiro brownnie, a primeira empada de chocolate, o primeiro sundae e o primeiro cappuccino. Só por hoje manter-me-ei longe da primeira glicose.

A partir de segunda, como reza toda boa cartilha de promessas, esse será o mantra diário a ser proferido por esta blogueira assumidamente viciada. Não. Não fumo, não bebo e não cheiro. Mas não consigo resistir ao poder hipnotizador daquele doce pó branco que ocupa lugar de destaque na minha cozinha, ao lado de outro pó, o marrom, de poderes similarmente encantatórios. Sim, eu sou uma açucólatra inveterada e prestes a me tornar também uma cafeinólatra.

Esses dias de ansiedade têm me deixado à mercê do vício. Considerando meu sedentarismo e minha trágica herança genética, acho bom eu começar já a preparação psicológica para viver meus últimos dias sem meus dedinhos dos pés ou das mãos, parafraseando um amigo de copa e cozinha...

Por isso, ou melhor, para evitar que isso aconteça, afinal pretendo continuar escrevendo esse blog, na próxima semana darei início a um tratamento de choque contra todo tipo de dependência na minha vida:

1. recitarei mentalmente o lema dos Açucólatras Anônimos e evitarei a todo custo a primeira glicose;

2. voltarei para a academia, cujas aulas abandonei no 2º. dia, mas que continua providenciando o emagrecimento de minha conta bancária;

3. manterei distância dos antros de perdição em que tenho me enfurnado logo após o almoço e no fim do expediente: chega de Rei do Mate e seus cappuccinos deliciosos, nada de Casa da Empada e suas saborosas empadinhas de chocolate, tampouco de Mc Donalds e seus sundaes com caldas transbordantes e amendoim! Basta!!

Ou dou início imediato a tais medidas ou meus colegas de apartamento serão testemunhas de minha derrocada - me flagrarão qualquer dia desses prostrada no sofá, sob efeito de uma overdose, após ter consumido todo o nosso pote de açúcar..

quarta-feira, agosto 23, 2006

Atendente de telemarketing com falha na programação

Quem nunca levou horas ao telefone tentando se livrar daquele cartão de crédito sem serventia, se desfazer da assinatura do jornal/revista que mal consegue ler e que só lhe aumenta a conta do cartão?? Quem não tem uma longa batalha travada nos SAC’s da vida com uma atendente de telemarketing que atire o primeiro headset!!

Depois de passar por 4, 5 ou 6 atendentes, repetindo o seu código de cliente, o CPF, o RG, o endereço residencial, o tamanho da roupa e o número do seu sapato para TODOS eles e se sua ligação não cair misteriosamente, você consegue falar com o tal Setor de Cancelamento [conhecido por esse nome somente por nós, desse lado da linha, porque, na verdade, internamente ele se chama Departamento de Retenção - de otários]. E quarenta desgastantes minutos depois, com sorte, tem “sua solicitação atendida, senhorrr”.

É de conhecimento público que atendentes de tmkg são biologicamente programados para não aceitarem “não” como resposta; sofrem apagamento de memória para desconhecerem propositalmente a palavra “cancelamento”; assim como recebem treinamento lingüístico intensivo para adquirir aquele sotaque paulista sofrível, devidamente acompanhado de gerundismo odioso. Eu também pensava assim até que, pela primeira vez, surpreendi-me com uma atendente eficaz e obediente, quando tentei cancelar minha assinatura de TV a cabo.

Como moro numa república, decidimos em grupo aplicar “o golpe do cancelamento" em nossa operadora de TV a cabo. Depois de decidirmos quem tem mais poder de negociação dentre os presentes, elegemos minha colega de quarto por sua conhecida habilidade com vendas e técnicas de convencimento [eu, embora titular da conta de assinatura, nunca poderia ter sido eleita para tal tarefa devido a meu perfil secretária-subserviente de ser]. Pois bem, iniciou-se o que pensamos ser a nossa via-crúcis até o tal setor de cancelamento.

Olhos fitos em nossa colega de apê. Umas musiquinhas na espera do atendimento, dados confirmados, blá, blá, blá, “cancelamento de assinatura”, blá, blá, blá, “corte de despesas”, blá, blá, blá, “muito obrigada por ligar para a TVBlá e uma boa noite”. Olhos arregalados e apreensivos se voltam para nossa grande negociadora. “E aí? Que houve? Imploraram para nós não cancelarmos a assinatura e ainda nos deram um desconto polpudo e mais um ponto grátis? Hein? Hein?”. E a colega com voz e expressão de espanto: “Não, a mulher cancelou nossa assinatura! Eu disse que queria cancelar e ela disse - pois não, senhora, estarei cancelando sua assinatura nesse momeeiinto. E só".

Olhares tensos e culpados na sala por termos ousado aplicar o golpe do atestado de pobreza na operadora de TV. “E agora??”, “Será que vão nos deixar sem sinal mesmo?”, “Tá vendo? Quem mandou vc [eu] querer dar uma de esperta?!”. Minutos de confabulação depois, ligamos novamente para o SAC e cancelamos o cancelamento, tal qual marido arrependido que abandona mulher e filhos, filho pródigo ou cachorro fujão que à casa torna. Enfiamos humildemente nossos rabinhos entre as pernas e imploramos à TVBlá que nos aceitasse de volta.

Só sei que por essa não esperávamos. Afinal quem imagina encontrar do outro lado da linha uma atendente de telemarketing com falhas na programação e persuasão zero?? Devíamos é ter aberto um protocolo de reclamação quanto ao pronto atendimento de nossa solicitação, isso sim. Tanta presteza demonstra que o processo de robotização da dita-cuja não foi plenamente realizado e isso deve estar ferindo o estatuto da categoria.

sexta-feira, agosto 18, 2006

Uma sexta confessional e um gênio domado

Tem tudo para não ser lá grande coisa a sexta que começa às 4:30 h da manhã, em função de uma dor no baixo ventre que periodicamente me assola. Depois dela, voltar para a cama é inútil. Até que o analgésico faça efeito, a maldita dor se irradia para as pernas e a lombar... Mas eu, teimosa, fico lá, embrulhadinha no edredom, lembrando das conversas com amigos do antigo escritório da noite anterior.

Aproximadamente 30 anos resumidos em apenas 2 horas e passei a conhecer um pouco da história de um gênio domado. Domado pela negligência velada de todos aqueles que amava, que por sinal, eram os mesmos por quem se supunha ser amado. As conseqüências? Talentos reprimidos, potencial desperdiçado e muita revolta. Felizmente, sua inteligência notável e auto-regenerativa reteve o melhor de toda a leitura consumida ao longo de anos e o livrou de um futuro sombrio. Espera-se apenas que, de agora em diante, ele ouse sonhar e realizar o que sua genialidade permitir. Se considerarmos a Minnie Driver que apareceu em sua vida, digamos que esse filme promete e tudo indica que terá um final feliz.


Quanto à sexta, começou cedo demais, com pensamentos demais e confissões demais também. Dessa vez, minhas. Pena que de tão mal resolvidas, serão assunto para outro post um dia ou para sessões de terapia, obviamente.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Manual de instruções e garantia de fábrica para gêneros humanos

Sempre que compro qualquer eletro-eletrônico, roupa, ou sapato que seja, procuro dar uma olhada no manual de instruções e na garantia do fabricante. E embora nem entenda todos os seus símbolos e termos técnicos, os considero de grande valia para aprender a manusear e manter o meu novo bem.

Pois bem. Fico pensando em como seria mais fácil se ao gênero humano fossem aplicadas as mesmas regras, se ao nascermos viéssemos todos com manual de utilização que discriminasse todas as nossas idiossincrasias, condições de funcionamento, prazo de validade, etc, assim como um certificado de garantia emitido por nossos progenitores, bem ao estilo Inmetro ou ISO 9000.

Digo isso porque tenho uma grande dificuldade perceptiva em relação a sutilezas das emoções alheias. Nunca sei se ao manifestar preocupação e cuidado com alguém, esse alguém pode me tomar por intrometida ou pegajosa. Se for a distraída habitual, posso ser interpretada como insensível, relapsa, que faz pouco caso ou dá pouca importância aos acontecimentos da vida alheia...

Um manual de instruções seria ideal para casos como esses. Nos pouparia um tempo precioso ao conhecer pessoas. O diálogo cincundante de praxe do tipo “Oi! Qual o seu nome? Vc vem sempre aqui? Gosta de cinema? Quais são seus blá-blá-blá-blá-blá prediletos?” seria facilmente substituído por “Oi. Como você se chama? Posso dar uma olhada no seu manual de instruções?” ou o direto “Oi. Sou fulano. Quer dar uma olhada no meu manual? Minha garantia tem o selo do InMamma.”, para os mais atiradinhos. Assim, saberíamos se valeria ou não a pena investir tempo, emoções e dinheiro em futuros relacionamentos.

Aparentemente funcionaria bem. Mas aí, ao consultar o meu próprio manual e certificado de qualidade, ficaria com um medo danado de sair distribuindo os mesmos por aí. O sistema InMamma lá de casa deveria garantir perfeito funcionamento por, pelo menos, uns 30 anos, não é? Mas antes mesmo desse prazo de validade já apresentei um monte de panes fisiológicas. Ainda bem que nasci antes do Código do Consumidor! Para exemplificar a razão de meu receio, examinemos, pois, alguns itens do capítulo 4, do volume IX do compêndio fabítico:
- Produto: Mulher
- Altura em idade adulta: 1.70 m
- Cor: branca (podendo apresentar variações para o rosa ou o vermelho ao sofrer ação de raios solares)
- Olhos: aparentemente castanhos. Somente os privilegiados que chegarem suficientemente perto conseguirão ver que são, na verdade, verde-escuros, com grande tendência a clareamento em casos de exposição ao sol ou tingimento dos cabelos.
- Cabelos: item imprevisível e de vontade própria. Pode-se apresentar na forma ondulada, cacheada ou liso-Glória-Pires, dependendo da intensidade da chapinha realizada, assim como mudar de cor de 3 em 3 meses, conforme orientações específicas do cabeleireiro.

Devido ao triste histórico familiar, algumas imperfeições fisiológicas já se manifestaram. A ver:

- Sistema visual: estrabismo; astigmatismo e fotofobia (desde os 8 anos)
- Sistema mastigador: devido à alta quantidade de doces ingeridos, apresentou desgaste aos 8 ou 9 anos. Depois disso, foram necessárias manutenções periódicas, que já não são realizadas há uns bons 5 anos.
- Sistema circulatório: membros inferiores mais parecidos com um mapa hidrográfico. Há mais ramificações e afluentes neles que no próprio Rio Amazonas.
- Sistema de armazenamento de informações: a partir dos 25 anos percebeu-se uma perda sensível na quantidade de neurônios atuantes. Resultado: Síndrome de Dory.
- Sistema reprodutor: como não há previsão de filhos tão cedo, aconselha-se a, pelo menos, realizar manutenção contínua de parte do sistema (mais conhecida como genitália), antes que atrofie por falta de uso.

Obs: Nem entraremos no capítulo Emoções, Traumas e Perfil Psicológico por ser de uma complexidade extrema. Praticamente indecifrável.

E no fim das contas, chego à triste conclusão de que é melhor mesmo não virmos com manual nem certificado. Depois de ler os meus, quem me levaria pra casa?

Por essas e outras falhas de funcionamento, tenho que correr com minhas projeções financeiras para fazer um seguro-saúde o mais brevemente possível. Antes que a máquina aqui pife de vez, preciso levá-la para manutenção. Há uma lista gigantesca de “-istas” a visitar: o oftalmologista, o endocrinologista, o neurologista, a angiologista, o dentista... ai ai.